quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Gestalt

Considerações da Gestalt sobre a Aprendizagem em sala de aula
Prof. Ricardo Martins da Costa

Segundo a Gestalt os conceitos de aprendizagem enfatizam a percepção ao invés da resposta, como ocorre nas teorias vistas em geral. A resposta é considerada como um sinal de que a aprendizagem ocorreu e não como uma parte integral do processo. Ela não enfatiza a sequência estímulo resposta, mas o contexto ou campo no qual o estímulo ocorre; e o insight derivado da relação entre estímulo e o campo  perceebido pelo aprendiz.
     Para a Gestalt o "todo é maior do que a soma de suas partes" isto é o que é aprendido é mais do que a soma das respostas que possa ocorrer. A ênfase da Gestalt é focalizar principalmente no esclarecimento do fenômeno "insight" e a sua relação com a formação de conceitos. A aprendizagem, para os gestaltistas é determinada pelo padrão, ou configuração dos elementos estimulados no campo a ser aprendido e no como se organizam em um todo, determinando o caráter do campo perceptual. O campo perceptual será mudado, de acordo com a reestruturação ou emergência de novos padrões dos estímulos.
     Em contraste com o "insight" da Gestalt encontra-se o conceito de ensino e erro dos conexionistas. O aprendiz experimenta a resposta certa ao acaso, enquanto que na Gestalt, o aprendiz reage a um padrão, ou melhor à situação total.
     A aprendizagem é um processo ativo, inteligente e global, conceitua uma aquisição de "estruturas", e de "formas" implicando sempre discernimento, compreensão da situação.
     Os principios da Gestalt levaram os educadores a modificar as técnicas de trabalho, pela organização dos materiais  e as atividades dos educandos em unidades mais amplas ou segundo os termos gestaltistas em significados. Podemos exemplificar assim, um aluno mais inteligente, isto é, com um nível mental mais alto, tem mais facilidade para o "insight", como, também, tende a obter maior sucesso com formas de aprendizagem mais complexas; as experiências passadas aumenta a probabilidade para o aprendiz alcançar o "insight", mas não garante a solução, ela na realidade apenas facilita a compreensão de uma nova situação, mas não resolve o problema; o "insight" só é possivel se a situação de aprendizagem for conduzida de modo que seus aspectos essenciais possibilitam a retrospectiva abstração. A formação de uma "gestalt" ao estruturar o organismo, como padrão estrutural do meio, possibilita ao sujeito duas forças que atuam entre se, interagindo, tendendo a manter um equilibrio determinando a conduta da aprendizagem, nesse sentido o comportamento de tentativas ou ensaio e erro está presente na obtenção da solução por "insight". Entretanto, não se trata de uma tentativa cega ou mera repetição de comportamentos anteriores, mas, sim, uma busca inteligente, envolvendo a seleção das respostas bem sucedidas, para chegar à solução que no caso é a aprendizagem.
     Neste estudo, percebe-se que a Gestalt determina as condições de uma melhor estrutura na percepção e nas leis de sua transformação que refere à participação do sujeito e do objeto na significação da aprendizagem. A importância da percepção dentro do processo da aprendizagem é que não consiste numa simples aquisição de respostas mecânicas ou num simples resultado de ensaio e erro, mas sim num processo ativo, inteligente e global de ensino e aprendiagem.

Ivan Petrovich Pavlov

 

O que é o Reflexo Condicionado

No final do século XIX e no início do século XX, um fisiologista russo chamado Ivan Pavlov (1849-1936), ao estudar a fisiologia do sistema gastrointestinal, fez uma das grandes descobertas científicas da atualidade: o reflexo condicionado. Foi uma das primeiras abordagens realmente objetivas e científicas ao estudo da aprendizagem, principalmente porque forneceu um modelo que podia ser verificado e explorado de inúmeras maneiras, usando a metodologia da fisiologia. Pavlov inaugurava, assim, a psicologia científica, acoplando-a à neurofisiologia. Por seus trabalhos, recebeu o prêmio Nobel concedido na área de Medicina e Fisiologia em 1904.
A experiência clássica de Pavlov é aquela do cão, a campainha e a salivação à vista de um pedaço de carne. Sempre que apresentamos ao cão um pedaço de carne, a visão da carne e sua olfação provocam salivação no animal. Se tocarmos uma campainha, qual o efeito sobre o animal? uma reação de orientação. Ele simplesmente olha, vira a cabeça para ver de onde vem aquele estímulo sonoro. Se tocarmos a campainha e em seguida mostrarmos a carne, dando-a ao cão, e fizermos isso repetidamente, depois de certo número de vezes o simples tocar da campainha provoca salivação no animal, preparando o seu aparelho digestivo para receber a carne. A campainha torna-se um sinal da carne que virá depois. Todo o organismo do animal reage como se a carne já estivesse presente, com salivação, secreção digestiva, motricidade digestiva etc. Um estímulo que nada tem a ver com a alimentação, meramente sonoro, passa a ser capaz de provocar modificações digestivas.

Para que surja um reflexo condicionado é preciso que existam certas condições:
1. Coexistência no tempo, várias vezes repetida, entre o agente indiferente e o estímulo incondicionado (no caso, o som da campainha e a apresentação da carne)
2. O agente indiferente deve preceder em pouco tempo o estímulo incondicionado. Se dermos a carne primeiro e tocarmos a campainha depois, a reação condicionada não se estabelece
3. Inexistência naquele momento de outros estímulos que possam provocar inibição de causa externa. Se simultaneamente damos uma chicotada no animal ou lhe jogamos água gelada, provocamos inibição, desencadeando reação de defesa no animal
4. Para que o reflexo condicionado se mantenha, é necessário que periodicamente o reforcemos. Uma vez que o reflexo se formou, o mero som da campainha substitui a apresentação da carne. Mas, se tocarmos repetidamente a campainha e não mais apresentarmos a carne, depois de um certo número de vezes o animal deixa de reagir com salivação e secreção digestiva.

Como Funciona o Reflexo Condicionado

Estímulo -------> Resposta
Estímulo Indiferente + Estímulo Incondicionado (apresentação da carne) ---------> Resposta Incondicionada
Estímulo Indiferente --------> Resposta Condicionada
Explicando melhor: um estímulo indiferente, combinado com um estímulo capaz de ativar um reflexo incondicionado, gera uma resposta incondicionada e, depois de algum tempo, o estímulo indiferente, por si só, é capaz de provocar resposta que pode, então, ser considerada como condicionada. Esses estímulos indiferentes podem vir tanto do meio externo (estímulos sonoros, luminosos, olfativos, táteis, térmicos) como do meio interno (vísceras, ossos, articulações).
As respostas condicionadas podem ser motoras, secretoras ou neurovegetativas. Podem pois, ser condicionadas reações voluntárias ou reações vegetativas involuntárias. Podemos fazer com que respostas involuntárias apareçam de acordo com a nossa vontade, se usarmos o condicionamento adequado. As respostas condicionadas podem ser excitadoras (com aumento de função) ou inibidoras (com diminuição de função).
Existem diversos exemplos de como se pode modificar, através do condicionamento, a fisiologia do animal e do ser humano. Citaremos apenas alguns, para, a partir deles, procurar compreender o que poderia ocorrer no momento do efeito placebo.

A Modificação da Fisiologia Através do Condicionamento

Pavlov e seus seguidores logo perceberam que o condicionamento era muito poderoso no sentido de alterar funções orgânicas. Diversos experimentos comprovaram isso, e abriram um enorme campo de estudos, com muitas conseqüências para a aplicação clínica em seres humanos.
Por exemplo, coloca-se uma sonda retal em um cão e faz-se um enema salino (injeção de água salgada). A presença daquele soluto dentro do intestino provoca, ao fim de algum tempo, aumento da diurese (excreção renal de água) para restabelecer o equilíbrio hidroeletrolítico. Depois de algumas sessões de administração de enema salino através da sonda retal, a mera introdução da sonda retal, sem enema, também provoca aumento da diurese.
Da mesma maneira, se antes de aplicar injeção de insulina em um cão, faz-se com que ele ouça sempre um assobio, a hipoglicemia que surge em decorrência da ação da insulina passará a surgir, depois de algum tempo, pela simples audição do assobio. O metabolismo do animal alterou-se, passando a responder com hipoglicemia a um estímulo sonoro que nada tem a ver, em condições normais, com o metabolismo dos glicídios.

O Sistema Nervoso Central e os Reflexos Conditionados

Finalmente, através do que ficou conhecido como a "Teoria Pavloviana da Atividade Nervosa Superior", Pavlov e seus discípulos foram os primeiros pesquisadores a integrar os estudos da psicologia do aprendizado com a análise experimental da função cerebral. Eles mostraram que os reflexos condicionados se originam no córtex cerebral, o qual, segundo as palavras de Pavlov, "é o distribuidor primário e organizador de toda as atividades do organismo". Ao longo de vários anos, ele e seus discípulos chegaram às leis básicas que governam a operação do córtex cerebral no aprendizado condicionado.

Júlio Rocha do Amaral e Renato M.E. Sabbatini, PhD

Texto sobre o construtivismo

Aqui vai  o link de um texto interessante sobre o construtivismo:

http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_20_p087-093_c.pdf

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A aprendizagem através dos tempos

    No início a aprendizagem se dava por meio de repetição até se guardar na memória. Com isso, surgem técnicas, como a mnemônica, na Grécia antiga, que consistia em associar lugares ou imagens mentais ao que se quer lembrar. Essa técnica é usada até hoje.
   Em contrapartida, na Academia de Platão, era usado o método socrático, onde não se aprendia por mera repetição, mas sim por persuasão em cima do que se aprende. Esse método de aprendizagem não fica difundido porque permitia a entrada de poucos.
   Para se formar um artesão, era preciso que o mestre passasse tudo o que sabia para o aprendiz. Com o tempo era preciso criar novas soluções para aprimorar a técnica.
   Com a Idade Média, ocorre um retrocesso na aprendizagem, porque a Igreja passa a limitar o número de obras de acordo com o que ela achava que deveria ser lido. Nessa época torna - se obrigatório o uso de técnicas de memorização como a minemônica.
   Com a invenção da imprensa, no período do Renascimento, fica mais fácil ter acesso ao conhecimento, o que extingue o uso excessivo da memória na humanidade.
   A partir do momento que foi crescendo  o número de alfabetizados houve uma maior aprendizagem no sentido de se distinguir entre  o que se lê nos textos, o que se escreve e o que se entende disso. Essa diferenciação possibilitou a ciência moderna.
   Aquelas culturas que não se submeteram a imprensa por motivo religioso, ficaram presas a memorização até hoje, como é o caso da cultura islâmica, onde as crianças são obrigadas a memorizar o Corão, o livro sagrado.
  Com a descentração do conhecimento, o saber passa a ser fragmentado e relativo, o que provoca um distanciamento entre o que deveriamos aprender, e o que realmente aprendemos. Essa descentração começa com Copérnico, que prova que a Terra não é mais centro do universo e sim o Sol. Continuando vem Darwin, que nos transforma em uma espécie a mais na árvore genealógica com a teoria de que os homens descendem de macacos, minando o antropocentrismo. A descentração se completa com Einstein, com a sua famosa teoria da relatividade, que nos coloca em meio a coisas novas, como buracos negros.

Fonte: POZO, J. I. (Juan Ignacio). aprendizes e mestres : a nova cultura de aprendizagem.Porto Alegr e: Artes Médicas, c2002. 296 p., il. ISBN (Broch.).

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Socioconstrutivismo

Assim como o grande nome do construtivismo é Piaget, a grande referência do socioconstrutivismo é o bielo-russo Lev S. Vygotsky (1896-1934).
Para Vygotsky, a natureza humana só pode ser entendida quando se leva em conta o desenvolvimento sociocultural dos indivíduos. Não existe um indivíduo crescendo fora de um ambiente cultural. Desde o nascimento, o bebê passa a integrar uma comunidade marcada por hábitos, gestos, linguagens e tradições específicas, que orientam os rumos do desenvolvimento infantil.
Para os socioconstrutivistas o papel da linguagem é fundamental. Mais do que uma simples auxiliar do pensamento, ela é uma poderosa "ferramenta cultural", capaz de modificar os rumos do desenvolvimento. Outros sistemas simbólicos, como a linguagem matemática, também são vistos como poderosos instrumentos para o pensar. O processo de aquisição de todos esses instrumentos é essencialmente dependente das interações das crianças com os outros, especialmente com adultos que utilizam e dominam as diferentes linguagens simbólicas.
Isso acontece, por exemplo, no aprendizado da matemática. Inicialmente incapazes de entender os números e as operações, as crianças vão vivenciar inúmeras situações - dentro e fora das escolas - em que estes aparecem. Combinando as experiências, começarão a empregar, inicialmente de forma não convencional, esses símbolos em suas atividades, até adquirirem o domínio de seu uso. A partir daí, sua atividade "espontânea" de resolução de problemas vai incorporar a linguagem matemática específica de nossa cultura. Como se vê, um processo social foi internalizado e passou a fazer parte da atividade psicológica da criança. O mesmo acontece com a aquisição da linguagem.
As conseqüências pedagógicas do socioconstrutivismo ainda não são claras, ainda que a influência desse movimento seja cada vez maior na área educacional. De qualquer forma a teoria sugere que é possível explorar mais profundamente o papel das interações com os outros, parceiros e tutores, na construção de ambientes de aprendizagem ricos. Indivíduos não aprendem apenas explorando o ambiente, mas também dialogando, recebendo instruções, vendo o que os outros fazem e ouvindo o que dizem.
Nesse ponto, aliás, os socioconstrutivistas também buscam sua inspiração em Piaget, que falava, principalmente em seus primeiros livros, sobre a importância de os alunos trabalharem e discutirem juntos, obrigando cada participante a explicitar suas idéias e opções e, dessa forma, ajudando cada um a entender outros pontos de vista e a refletir mais conscientemente sobre as atividades.
O socioconstrutivismo pode também ser usado em defesa de alguns modos mais tradicionais de ensinar, como quando o professor traz elementos que os alunos desconhecem na tentativa de despertar seu interesse por eles. Isso é bom observar, ainda mais porque, em algumas versões exageradas do construtivismo, mostrar qualquer coisa que as crianças desconhecem é quase um crime. O importante é observar que, independentemente de a teoria ser construtivista ou socioconstrutivista, as aprendizagens só vão ocorrer se houver o engajamento ativo dos alunos.
Podem existir grandes diferenças entre escolas que dizem inspirar-se no socioconstrutivismo. Em algumas, ele pode servir simplesmente como aval para um modo totalmente tradicional de ensinar. Nas que é levado a sério, há um grande incentivo às interações entre os alunos e a tipos especiais de interação entre adultos e crianças.

Fonte:http://www.educacional.com.br/glossariopedagogico/verbete.asp?idPubWiki=9593